sábado, 2 de maio de 2009



Milhões e milhoes de pastilhas de acrilico envolvendo folhas de ouro, cobrem a superficie deste lugar na terra, de admiração sem precedentes.



Antes de entrar, aguardamos pelo guarda (e co -fundador de Auroville) que nos acalma. Na verdade, "sets the mood" para aquela que seria uma das mais marcantes experiencias da minha vida.

Ouvi falar da filosofia desta comunidade. Querendo desacreditar, deixo-me levar. Descorre aquele homem nos seus 50, com ar de por quem nem 40 tinham passado: "Auroville belongs to nobody in particular. Auroville belongs to humanity as a whole. But to live in Auroville, one must be the willing servitor of the Divine Consciousness.
Auroville will be the place of an unending education, of constant progress, and a youth that never ages.
Auroville wants to be the bridge between the past and the future. Taking advantage of all discoveries from without and from within, Auroville will boldly spring towards future realisations.
Auroville will be a site of material and spiritual researches for a living embodiment of an actual Human Unity." Na pratica, tenho as minhas duvidas, mas deixo-me levar.

Entramos em grupo. Silencio. Absoluto silencio. Os gizos que tenho no tornozelo incomodam. São insurdecedores. São estridentes. Com um olhar fulminante sou chamada à atenção. Tenho que calçar estas meias brancas que me deram. Ninguem pronuncia uma palavra. Silencio absoluto. Estamos prontos e seguimos. Dois grupos são criados. Damos por nós num cenario "star wars" avermelhado, amplo, por onde seguimos e subimos numas escadas em caracol largas e difusas naquele espaço que se funde e se começa a tornar espiritual. A verdade sente-se. Os vitantes querem retrair-se mas rendem-se e libertam-se. Subimos qual rebanho em direcção ao topo, passo a passo. Lentamente subimos e observamo-nos com respeito. As regras, as regras que nunca ninguem nos as ensinou, as sabemos.

A porta abre-se e é tudo... Branco! A alcatifa é branca; as paredes esfericas são brancas; as colunas a cada 3 metros, brancas; as almofadas que marcam os nossos lugares, imaginem, brancas; mas esperem... algo ali no meio que não é branco, deixem-me passar, quero ver, é... é de cristal, é brilhante. Mas, vejo bem? Um feixe de luz? Sim, a câmara é iluminada por um unico feixe de luz que brota do tecto, incide na enorme esfera de cristal e encadeia por instantes.

Dou por mim a observar em redor. Há muita gente em transe, outros, como eu, tentam apenas entender aquele local. uma energia que não se explica, um fervor que não se entende. Extasiada com a surpresa e o detalhe, deixo-me aqui e ali, como que tentando ficar de alguma forma. Nada como isto se explica. Sente-se.

Matrimandir, o coração de Auroville.

Ainda hoje estou para interpretar o que lá dentro senti. Sabem que mais? Amei... Apenas isso.

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